Empreendedora mineira faz sucesso com marca que une bolos caseiros e poesia
“Em Juiz de Fora (MG), a boleira Suzi Rodrigues experimenta o sabor do sucesso com seus delicados bolos caseiros. Ela criou uma marca afetiva com pitadas de lirismo: versinhos poéticos e cartinhas entregues junto às encomendas adoçam ainda mais a experiência do cliente. Uma decoração graciosa, com flores e frutos secos, dão o toque final. Isso tudo, combinado a fotos bem feitas e uma charmosa identidade visual no perfil no Instagram, ajudou a empreendedora a se diferenciar da concorrência e agregar valor ao produto.
“Meu bolo se tornou um produto presenteável, para um café especial, com carinho e amor. Vendo de 100 a 120 unidades por mês, em média”, conta Rodrigues. Os sabores mais pedidos são o tradicional bolo de cenoura (R$ 60), que vem com brigadeiros na cobertura, e o bolo de laranja com damasco (R$ 65), uma receita que ela mesma desenvolveu. O cardápio conta também com cestas presenteáveis, com opções que vão de R$ 110 a R$ 380. Suzi vende de 30 a 35 cestas mensalmente.
“A melhor parte de empreender é ter flexibilidade e poder lutar pelo o que é meu de fato. O crescimento só depende de mim mesma. Se eu correr atrás, consigo melhorar minha renda. sou dona de mim”, comemora ela, que contabiliza quase 40 mil seguidores no Instagram.
De CLT a empreendedora
A escolha de abrir o próprio negócio surgiu a partir da sugestão da sogra da boleira. “Eu já fazia bolo em casa, para a família. Só tinha uma receita, de pão de ló com recheio de abacaxi. As pessoas adoravam. Até que minha sogra falou: ‘Por que você não começa a fazer bolos para fora?'”, lembra. Era 2018 e Rodrigues trabalhava em uma empresa, na parte administrativa, havia quase oito anos.
“Eu pensava em parar de trabalhar fora para ficar mais próxima do meu filho, mas não sabia de que forma deixaria de ser CLT. Enquanto ainda estava no emprego, comecei a fazer bolo no pote e vender no trabalho e para conhecidos. Iniciei com investimento pequeno, cerca de R$ 100. Depois vendi meu primeiro bolo confeitado para festa. No boca a boca, as pessoas foram espalhando
que eu vendia bolos. Quando vi, todo final de semana tinha encomendas para fazer, e isso se tornou minha renda extra”, conta ela.
Em 2019, Rodrigues ainda estava na empresa e as encomendas não paravam de crescer. “A coisa começou a ficar complexa. Fazia bolos de madrugada. Virava noites trabalhando para dar conta”, diz. Em julho daquele ano, seu marido sugeriu que saísse do emprego e tentasse seguir apenas com os bolos. Ela então aproveitou que estava de férias do trabalho para testar a ideia. “Na época, eu só fazia bolo confeitado de festa. Percebi que, para ter clientes todos os dias, deveria investir em bolos caseiros”, conta. “Naquele mês, trabalhei muito e percebi que conseguiria ganhar mais com os bolos do que na empresa onde eu estava.”
Foi assim que, decidida a mudar de vida, ela conseguiu fazer um acordo com o empregador e, em outubro de 2019, começou a se dedicar apenas à confeitaria. A partir dali, iniciou uma saga de muita pesquisa, estudo e dedicação ao negócio. “Fiz muitos cursos e aulas. Me apaixonei pelos bolos caseiros. Vi que tinha saída, muitos clientes pediam. Em 2020, com a pandemia, achei que não daria mais certo, mas, para minha surpresa, nunca vendi tanto. Comecei a fazer delivery com ajuda do meu marido”, recorda ela.
Ela se lembra que uma de suas professoras ensinou às alunas: “Coloquem algo que gostam no trabalho de vocês”. “Foi aí que eu despertei. Sou formada em Letras. Gosto muito de literatura. Então tive a ideia de juntar bolos e poesias e montar minha marca”, diz. “A cada bolo que eu fazia, colocava uma mensagem, um cartão. Isso foi marcando os clientes. Eles gostaram e começaram a divulgar. Aos poucos, notei que os bolos deixaram de ser simples bolos caseiros para todo dia. As pessoas passaram a me procurar para dar bolos como presente. Meu produto tinha se diferenciado.”
Vitrine para o mundo
Segundo Suzi, o perfil no Instagram é a grande porta de entrada dos novos clientes, que moram em bairros vizinhos aos seus. “Conforme eu melhorei os produtos, perdi vendas no meu bairro, porque os bolos encareceram, mas vi que tinha quem pagasse por eles sem reclamar do valor. Então, comecei a focar as vendas em locais de poder aquisitivo maior e reposicionei minha marca”, afirma.
Agora, Suzi trabalha em um ateliê que criou nos fundos de sua casa e vem estudando mais sobre o mercado de cestas presenteáveis. Segue feliz com a escolha feita em 2019. “Chegou a um ponto em que não podia mais crescer onde trabalhava. Hoje eu sei que posso”, diz. Os planos para o futuro incluem ainda criar cursos de bolos afetivos. “Já tenho uma procura bem grande por aulas. Quero ajudar outras mulheres por meio do meu trabalho”, finaliza.